segunda-feira, 29 de março de 2010


Teólogo “universal” e teólogo “específico


om todas as reviravoltas e mudança no fazer e no saber sobre o conhecimento, o mundo mudou e seguiu uma lógica que parece não ter lógica. Houve um período na história que se buscava nos “detentores” do conhecimento uma postural universal, ou seja, eles deveriam abarcar no seu discurso e no seu saber o que era justo e verdadeiro para todas as pessoas. Gostaríamos de pensar analogicamente a partir da análise que Michael Foucault faz em relação ao intelectual universal e o intelectual específico. A partir da segunda grande guerra mundial esse panorama foi alterado. O mundo passou a identificar melhor a postura do teólogo específico por conta dos rumos que a humanidade tomou depois desse evento que se configurou como uma amostra do que é usar o poder e o saber.

A interferência mais direta na política e no poder a partir dos saberes localizados ou específicos como a biologia, a física, a química, a teologia, dentre outros, impulsionou o surgimento e a valorização dos conhecimentos específicos, colocando ou devolvendo desta forma o poder e o saber nas diversas camadas da sociedade e/ou da humanidade. Para Foucault “a figura em que se concentram as funções e os prestígios deste novo intelectual não é mais a do ‘escritor genial’, mas a do ‘cientista absoluto’”; não mais aquele que empunha sozinho os valores de todos, que se opõe ao soberano ou aos governantes injustos e faz ouvir o seu grito até na imortalidade; é aquele que detém, com alguns outros, ao serviço do estado ou contra ele, poderes que podem favorecer ou matar definitivamente a vida. Não precisamos mais dos que falam apenas da eternidade, mas sim, daqueles que criem ou fomentem estratégias para a dignidade da vida e até mesmo da morte.

O teólogo universal é aquele que se arvora a falar como representante da verdade e da justiça, sendo ele, uma espécie de consciência de todos. Essa idéia oriunda da parte ruim do marxismo pretende fazer do teólogo universal, através do seu posicionamento moral, espiritual, político, teórico, um detentor desta universalidade que ele pensa englobar em sua teologia e práxis. Alguns, ainda que nostalgicamente, querem a volta ou o aparecimento dos grandes teólogos universais para regerem nosso estilo de vida, dizendo eles faltar uma visão de mundo ou uma grande teologia hodierna. Entretanto, vivemos um momento em que o papel do teólogo específico deve ser reelaborado, visto que, o caminho na qual o mundo percorre é mais propício ao um melhor desenvolvimento específico do que universal.

Diante das circunstâncias sociais o papel do teólogo especifico deve se tornar cada vez mais importante. Na medida em que, quer queira ou não ele deve assumir responsabilidades políticas, sociais, culturais. O teólogo universal não se compromete diretamente com a situação, pois ele fica longe dos acontecimentos que ele apenas pensa e formula teorias para regulamentar determinada situação. Em outras palavras, o seu engajamento com a vida concreta não é percebida porque enquanto ele apenas teoriza sobre a vida, ela continua a ser vivida ou morrida por aquele que são vitimas ou vilões desse sistema cruel que degenera a vida.

É importante deixar claro que o nosso objetivo não é acabar com o passado e muito menos ser um iconoclasta, o que queremos é chamar a atenção para uma realidade que exige o específico e não o universal. O trabalho do teólogo específico é ajudar a desmascarar um poder que domina não apenas pela força, mas pela absolvição do seu regime pelos habitantes de um lócus social. O não envolvimento do teólogo com essas pessoas resulta na manutenção desse status quo (religioso, político, social, econômico) que visivelmente contribui para a destruição da vida em todas as suas possibilidades.

Podemos suspeitar que o motivo para o não envolvimento por parte de muitos teólogos com as coisas específicas, ou seja, com a vida concreta dos seres humanos e de toda a criação, é devido ao medo da perseguição que o teólogo específico terá sobre si devido o poder de denúncia que estará em suas mãos, não mais em função de seu discurso geral e sim, por conta das denúncias que ele trará de uma realidade concreta que não agüenta mais o despotismo, os variados abusos e a arrogância da riqueza.

Enfim, a religião, a política, a economia, a ciência e no limite a sociedade, não precisam mais de detentores das verdades universais, pois eles não se envolvem com as questões práticas da vida mesmo que pensando e formulando teses sobre ela. É importante o surgimento e o fortalecimento do teólogo específico que sabe que sua construção do pensamento e sua prática não devem ser longe da vida e de tudo que promova e afirme a dignidade humana. Com ele deve existir a criação de novos valores respaldados por um novo jeito de teologar e, essa nova forma de se fazer teologia deve criar e fomentar valores que estejam em consonância com o corpo, com a vida, com a terra e com Deus.

Fábio Porto
1ª Igreja Batista de rio Novo




sábado, 27 de março de 2010


O júri condenou, na madrugada deste sábado (27), Alexandre Nardoni, de 31 anos, e Anna Carolina Jatobá, de 26 anos, pela morte da menina Isabella, ocorrida na noite de 29 de março de 2008. O casal foi considerado o responsável por asfixiar e jogar pela janela do sexto andar do edifício London a criança que, na época, tinha cinco anos.
À 0h17, o juiz Maurício Fossen retomou a sessão agradecendo a participação do promotor, da defesa do casal, dos jurados e de todas as pessoas presentes no júri. Em seguida, ele falou brevemente sobre a importância do tribunal do júri.
Na sequência, Fossen deu início a leitura dos autos da sentença. Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos, um mês e dez dias de prisão a ser cumprido em regime fechado. Anna Carolina Jatobá recebeu pena de 26 anos e oito meses de reclusão a ser cumprida inicialmente em regime fechado. Ambos por homicídio doloso triplamente qualificado. A pena dos dois foi acrescida de mais oito meses por crime de fraude processual, que eles poderão responder em regime semiaberto. Foi negado aos dois o direito de recorrer da sentença em liberdade.
A pena de Nardoni foi maior que a de Jatobá porque o crime que ele cometeu, segundo a Justiça, foi contra um, descendente.
A decisão foi aclamada pelo público em frente ao Fórum de Santana, que chegou a soltar rojões em comemoração à condenação do casal.
Reforço na segurança
Para garantir a segurança no transporte dos participantes do júri e dos condenados até o presídio, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) isolou faixas de trânsito em frente ao fórum. Apenas uma é transitável.
A Polícia Militar estima que cerca de 200 pessoas, sem contar com a imprensa e profissionais que trabalharam no julgamento, estejam concentradas em frente ao fórum nesta madrugada.
O crime
Isabella Nardoni morreu após cair da janela do sexto andar do Edifício London, na Vila Mazzei, zona norte de São Paulo. No apartamento, moravam o pai dela, Alexandre Nardoni, a madrasta, Anna Carolina Jatobá, e os dois irmãos menores. A menina morava com a mãe e passava alguns dias com o pai.
O crime aconteceu à noite depois que o casal e a menina voltaram para o apartamento deles após um passeio. Nardoni e Anna afirmam que uma terceira pessoa, nunca identificada, invadiu o local e jogou a menina, que tinha 5 anos depois que o pai a deixou no quarto e voltou para o carro para a judar a mulher a levar os dois filhos pequenos do casal, que estavam adormecidos.
A acusação defendeu durante o julgamento que eles estavam, no apartamento na hora do crime.
Peritos da Polícia Civil disseram à época que Isabella foi espancada e esganada dentro do apartamento, antes de ser jogada pela janela do sexto andar. Dias depois a polícia afirmou que não existia uma terceira pessoa no apartamento na noite da morte de Isabella.
Com isso Alexandre e Anna foram presos acusados do crime. Em quase dois anos presos, eles nunca disseram ter matado Isabella e nem se acusaram mutuamente pelo crime.

terça-feira, 16 de março de 2010

"10 anos sem " Dotô Ocride": Euclides Neto, o homem e seu tempo"


Euclides Neto vislumbrando sua gestão como prefeito de Ipiaú

Abione Souza

Euclides José Teixeira Neto, primogênito entre os nove filhos que tiveram seus pais, Patrício Rezende Teixeira e Edith Coelho Teixeira. Nasceu em 11 de novembro de 1925, em um povoado chamado Jenipapo, distrito de Areia, atual Ubaíra-BA. Em 1927, mudou-se com sua família para Tesouras, atual Ibirataia-BA, atraídos pela cultura do Cacau. A sua infância foi intensa com a vivência no meio rural, segundo Marcelo Teixeira:

Desde muito cedo ele [Euclides Neto] já tem identificação com as coisas da roça, de armar laço, pegar o rato puba, o passarinho e também tinha os afazeres para a mãe dele, como levar um litro de leite todos os dias para vender na época de Tesouras (antigo povoado, distrito de Ipiaú), que era uma forma de renda. Isso quando tinha 5 a 6 anos de idade, ele contava que era tão pequeno que tinha medo de uma passagem que tinha um peru que corria atrás dele, e a mãe dele, minha avó Edite, dava a ele uma varinha para que ele pudesse se defender de um peru.

Com oito anos, precocemente para a época, iniciou os primeiros contatos com as letras. Sua escola ficava na roça, onde lecionava uma professora leiga chamada Lurdes. Aos 11 anos, com alguns sacrifícios financeiros de seus pais, Euclides Neto foi encaminhado para Salvador. Estudou no colégio Antônio Vieira e no Central da Bahia. Ao chegar reside no pensionato, propriedade de sua tia Inelsina Coelho. Dois anos depois, com o fechamento do pensionato, Euclides passou a trabalhar em pensão de estudantes dirigida pelo francês padre Torrend, professor do Colégio Antônio Viera, em Salvador.

Neste período, influenciado por seu professor padre Torrend, obtém sua formação ética e política. Entre suas principais leituras, neste período, estavam as obras de Karl Marx, Dostoievski, Tolstoi, Euclides da Cunha e Graciliano Ramos. Com a leitura destas obras, entre outras, esposa idéias socialistas. Em sua vida literária publicou catorze livros, predominantemente utilizando-se da temática social, tratando das contradições entre capital e trabalho, bem como as relações de poder existente entre fazendeiros e trabalhadores das fazendas de cacau no Sul da Bahia, que conhecera bem. Sobre a literatura de Euclides Neto, o escritor Hélio Pólvora comenta:

Descarta os assuntos filosóficos e faz ficcionismo com o que conhece: a terra, o enxadeiro, o posseiro, o parceiro rural, a boca-do-sertão baiano, a caatinga. Paisagens, vivências, mitos, grandezas e misérias do meio agreste, a exploração do trabalho, crimes de mando ferem-lhe a sensibilidade e a fazem sangrar.

Aos dezessete anos, ainda estudante secundarista, escreve o opúsculo intitulado “Porque o homem não veio do macaco” (1943). Em 1945, ao concluir o ensino médio, ingressa na Universidade Federal da Bahia onde iniciou o curso de Direito. Durante o curso publicou os romances Berimbau (1946) e Vida Morta (1947). Nesta época, foi secretário da revista Ergon, dirigida pelo advogado e jornalista José Catarino. Sobre a militância política de Euclides Neto em Salvador, Desidério Neto afirma que No meio político ele tinha muito envolvimento com a leitura de esquerda, suas idéias eram altamente socialistas e chamamos até comunistas, militando no trabalho político do PCB.

Em livro de memórias, Euclides Neto comenta sobre seu ingresso no Partido Comunista do Brasil, ainda estudante secundarista em Salvador.

Nos distantes 1943-44, os ventos açulavam idéias, a juventude buscava veredas novas. (…) Deglutimos de um tudo: Lênin e Gandhi. De René Fullop Miller a um mundo só de Wendel Wilkie. (…) Estávamos em cio intelectual, quando cai a semente: O Capital de um sujeito barbudo, judeu alemão, vivido na Inglaterra. (…) E, num dia primaveril, sol tarrafeando na Bahia de todos os Jorge Amados, depois dos competentes testes de obediência, coragem, decisão, conhecimento, sou recebido num casarão, ali pela ladeira de São Bento, lado esquerdo. Lugar de morar cristão fugido. Quem receberá meu juramento? Havia os monstros sagrados: Mário Alves, Giocondo Dias. Novos novinhos, meninos. O primeiro amarelo, magro, asceta como todo bom revolucionário. O segundo, aloirado, bigode de cotia, ativo. Carlos Mariguella já se considerava em esfera mais superior, andava Rio, São Paulo (…) Milton Tavares tomou meu juramento, batizou-me.

Em seu livro, O partido Comunista que eu conheci, João Falcão discorre sobre a presença de Milton Tavares no Partido Comunista, durante a década de 1940 na Bahia:

Coincidentemente, na mesma época, (abril de 1940) foram presos alguns membros da célula do Ginásio da Bahia, surpreendidos pela polícia quando distribuía boletins subversivos: Célio Guedes, Alderico Mascarenhas, José Schaw da Motta e Silva (Motinha) , Antonio Santos Morais, Milton da Costa Lima e Milton Tavares. Este último era o mais comprometido e ficou na prisão até meados de julho. Ali completou seus 16
Sobre o ingresso de Euclides Neto no Partido Comunista, Milton Tavares Comenta:

Eu conheci Euclides Neto na Faculdade de Direito, hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, que não era ainda a UFBA, pois a Faculdade data de 1946. Ele era 2 anos mais atrasado que eu, mas tínhamos bons relacionamentos e participávamos ambos da idéias mais progressistas da época. Quando em 1945 o partido comunista veio a ser legalizado, eu a ele me filiei, e fui escolhido para ser o secretário geral, que era a denominação do dirigente, secretário geral da célula que se constituiu na Faculdade de Direito. Nesta célula, Euclides pediu e obteve ingresso, por meu intermédio, e militou dentro dela.

Sobre a militância de Euclides Neto na célula do Partido Comunista do Brasil (PCB) na Faculdade de Direito, década de 1940, Luís Contreiras (ex-dirigente Partido Comunista) afirma:

Conheci Euclides Neto pelos idos de 1942 por aí, (…) Em 1945 o Partido Comunista veio à legalidade, nessa época então é que eu conheço Euclides Neto. Me lembro que a sede do partido ficava ali na Ladeira de São Bento, me lembro dos estudantes, que eram um número muito grande da Escola de Direito, foram lá para se filiar ao partido. Ai então eu tive um conhecimento político com ele (Euclides Neto.) [...] Então ele ingressou no partido na célula da Escola de Direito onde fica até 1949 quando se forma e vai para Ipiaú. [...] Eu fui preso em 1975, já na época do governo Geisel e ele (Euclides Neto) foi me visitar na casa de detenção ali no Santo Antônio. Ele mostrou que era um homem que tinha coragem, que em plena ditadura ele teve a sua coragem e a hombridade, com todos os riscos, de me visitar na casa de detenção.

As idéias socialistas agasalhadas por Euclides Neto, não estavam apenas limitadas a sua vida pública. Em âmbito familiar, também passava tais influencias na formação dos seus filhos. Maria Angélia Teixeira (Gelinha) e Patrício Teixeira comentam sobre os princípios políticos preconizados por seu pai:

Eu cresci achando que o mundo seria comunista, então só tinha direito a uma boneca, a um vestido. No Natal só tinha um presente por que ele [Euclides Neto] dizia que havia muitas crianças passando fome. Natal é coisa de burguês. Nós crescemos achando que o mundo seria comunista .

Não podíamos experimentar mais que um sapato, pois o menino pobre não podia ter mais que um par de sapatos. Tínhamos que comer toda comida do prato, pois existia muita gente sem ter o que comer. Era uma conscientização diária.

Concluiu o curso de Direito em 1949 e entre seus colegas de turma estavam Waldir Pires e Clériston Andrade. Ao chegar em Ipiaú, no ano seguinte (1950), instala um escritório de advocacia situado no sopé da íngreme Rua Siqueira Campos. Pela localização de seu escritório, passa ser chamado de advogado do pé da ladeira. Nesse mesmo ano se casa com a jovem Angélia Mendonça Jaqueira, deste matrimônio tiveram cinco filhos. Em sua carreira jurídica, sempre advogou a favor dos trabalhadores rurais. Na sua obra, Trilhas da Reforma Agrária, afirma que “o trabalhador rural sempre tem razão, mesmo quando, aparentemente não a tem: pelo passado de injustiça que seus antepassados sofreram e ele próprio”. Sobre sua profissão de advogado, Euclides Neto, em entrevista ao jornal A Tarde de 18.02.1990, afirmou: “advoguei por 40 anos e nunca para bancos firmas ou exportadores de cacau. Sempre defendi trabalhadores rurais”.

Edvaldo Santiago, presidente da câmara municipal ao longo da gestão de Euclides Neto, relata que:

O seu escritório [de Euclides], às vezes, agente chamava de INPS de tanta gente humilde a ser atendida e chamando Dotô Ocride!, Dotô Ocride!, Dotô Ocride… Mas atendia todo mundo. Eu vi de perto suas atitudes: honesto, correto, direito. Ganhou grandes causas, não se preocupou em ficar rico nem trabalhou por dinheiro, trabalhava porque gostava de ser advogado.

Em 1961, Euclides Neto publicou o romance intitulado “Os magros”. Nesta obra o autor apresenta a discrepância entre a numerosa família de João, trabalhador rural e a família do Dr. Jorge. A primeira é marcada pela miséria. A segunda, como apanágio, ostentava suntuosidade e opulência. Em cada capítulo do romance é apresentada, em contraponto, a discrepância exacerbada entre a família do trabalhador rural, vivendo em extrema pobreza, e a família do abastado proprietário de fazendas de cacau.

Masoquismo e Sadismo: Um "Evangelho"


Masoquismo e sadismo: um “evangelho”

Não precisamos imprimir um grande esforço para percebermos a grande distância entre a prática do Evangelho proposto por Jesus e a prática de muitas Igrejas que se autodenominam Cristãs.
Em lugar da fraternidade e do amor mútuo, encontramos autoritarismo e indiferença moldando as relações eclesiásticas. Essa conduta pode ser observada em vários locais - com suas devidas exceções - nos tradicionais, nos renovados, nos pentecostais, nos neopentecostais, nos ortodoxos, nos progressistas, e etc. Desta forma, percebemos que a proposta de Cristo em relação à liberdade que Ele veio trazer para as pessoas, como Boa Nova do Reino de Deus, fica comprometida. A integridade do ser humano nos moldes desse “evangelho” desaparece trazendo insegurança e um vazio existencial profundo.
Diante do vazio e da insegurança que em geral vive nossa sociedade, e com ela a Igreja, cresce o desejo de dominar e de ser dominado, ainda que esse sentimento seja confuso para algumas pessoas. Entretanto, sabemos dá existência de pessoas que tiram proveito dessa situação, e o que é pior, essas são muitas vezes líderes que influenciam outras pessoas, e fazem delas dependentes e/ou sem autonomia para gerir sua própria existência enquanto ser humano feito a imagem e semelhança de Deus, portanto amadas e amáveis.
Fazendo uma breve análise do significado do masoquismo, perceberemos que é uma conduta onde a pessoa foge ao insuportável sentimento de isolamento e separação tornando-se parte e porção de outra pessoa, que a dirige, guia, protege. Em outras palavras, a pessoa masoquista não tem de tomar decisões, não precisa assumir quaisquer riscos. Como diz Erich Fromm “não é independente; não tem integridade; ainda não nasceu de todo”. Por outro lado, a pessoa sadista é aquela que ordena, explora, fere, humilha. Contudo, um sádico depende tanto da pessoa submissa quanto esta daquela; uma não pode viver sem a outra.
Em uma relação entre masoquistas e sádicos a integridade de ambos está afetada. Assim sendo, o mundo não será o mundo da fraternidade, do cuidado, da responsabilidade e do amor, por que essas práticas não têm espaços no mundo da opressão onde habitam dominadores e dominados.
Por uma simples analogia percebemos nos tempos hodiernos algumas Igrejas masoquistas com pastores e pastoras sádicos, que proclamam um “evangelho” pautado na submissão e no autoritarismo doentio, onde a ilusão do cumprimento da missão é o combustível que faz mover a máquina destruidora da humanidade. Existem também, Igrejas sadistas com pastores e pastoras masoquistas cantando hinos que pensam louvar a Deus no cumprimento do Evangelho, mas que na verdade proclamam um pseudo-evangelho que não é e não pode ser a Boa Nova de Jesus Cristo, mas sim, o estabelecimento de um reino que visa apenas amenizar o vazio existencial do ser humano, mantendo-o sempre no cativeiro.
É importante que as vozes abafadas por esse sistema cruel não desistam e não parem de anunciar o Evangelho de Cristo. Esse é baseado no amor, que ao contrário do sadismo e do masoquismo, liberta o ser humano do outro e dele mesmo, fazendo com que a integridade da pessoa seja respeitada. É claro que o respeito só é possível se a pessoa alcançou a independência, se puder levantar-se e caminhar sem muletas, sem ter que dominar e explorar qualquer ser humano. O respeito existe na base da liberdade. Como diz a música francesa: “o amor é filho da liberdade”, nunca existirá amor e liberdade no campo da dominação.
O amor, principalmente no Ocidente, precisa sair do âmbito do sentimento e passar para o campo da ação, da prática, do trabalho. O amor e o trabalho/ação são inseparáveis. Portanto, é preciso trabalhar para que a integridade e a liberdade das pessoas sejam de fato uma realidade nas Igrejas e por extensão, na sociedade.
Respeito, responsabilidade, cuidado, liberdade, integridade, desafios para uma Igreja que quer ser relevante e fazer com que o Evangelho do Reino de Deus, Jesus Cristo, amor, seja a base da práxis cristã. Que o único poder que prevaleça nas Igrejas e comunidades seja o poder do serviço, o poder do amor que liberta o ser humano das mazelas que descaracteriza a humanidade do humano.

Pr.Fábio Porto
1ª Igreja Batista de Rio Novo

segunda-feira, 1 de março de 2010

As eleições vem ai, então veja o Roubolation

Vem ai as Eleições 2010, então cuidado com os mensalões , mensalinhos , arrudas, etc.. segue ai uma boa versão do que eles estão preparando.