sábado, 27 de fevereiro de 2010

Mineração: Grandes promessas e pouco progresso!


Com a chegada da mineração na cidade de Ipiaú no ano de 2008, veio junto o discurso do desenvolvimento e progresso. O que poucos questionaram foi: qual progresso e qual desenvolvimento era esse, ou a serviço de quem estava esse progresso? Dos trabalhadores? Do povo de Ipiaú? Ou das grandes multinacionais como a Barbosa Mello, e a própria Mirabela, dentetora da maior riqueza explorada?
É certo que a cidade foi tomada por um sentimento de muita euforia e ao mesmo tempo muita ganância por partes de locatários e empresários.
Não podemos ser proselitistas a ponto de negar que a chegada da Mirabela na cidade, muitos trabalhadores foram empregados. Mas vale lembrar que muitos desses, ou melhor, 95% dos trabalhadores eram vítimas da exploração de mão-de-obra barata e com cargas horárias acima do normal.
É importante ressaltar que desde a vinda da mineração, a cidade de Ipiaú é outra! Não que houve progresso para a população, ou melhoria de vida. Muitos podem até achar cedo demais para cobrar esse desenvolvimento tão prometido por dirigentes e representantes políticos da cidade. Representantes que rapidamente foram empregados e falavam praticamente em nome da empresa, uma tentativa descabida de convencer a população de que viveríamos o maior momento econômico da cidade, e para isso valia tudo, até mesmo a corrupção e complacência de entidades ambientalistas e grupos políticos da cidade. Valia também aceitar todos os impactos, sejam eles sociais ou ambientais. Tudo em nome do “progresso”...
A respeito dos impactos, já podemos presenciar o grande impacto social que sofremos. A prostituição e assédio a menores de idade já é visível nas ruas da cidade. A violência tomou conta da cidade num curto tempo de dois anos, e muitos trabalhadores foram acometidos de acidentes de trabalho e outros adquiriam doenças de origem reumáticas.
Quanto ao impacto ambiental, vale lembrar o silêncio e o estado de sono dos grupos que reivindicam a luta pelo meio ambiente. De repente o poder da grana tenha falado mais alto. Nosso Rio das Contas ainda é visto como um mero depósito e despejo de lixo e poluentes. O Rio da água branca vem desaparecendo a cada dia, e diante disso tudo nossos ambientalistas estão num profundo e eterno sono.
Quanto às promessas, foram apenas retóricas de palanque, “grandes promessas, pouco progresso” foi promessa pra todos os lados, alimentando a libido de políticos e empresários.
Na educação do município, não vemos mudanças significativas, apenas projetos que estão emperrados e outros que não saem do papel e das premiações.
Na saúde, chegaram a ter coragem de propagar idéias de contrução de um hospital, o que vimos foi a super lotação e fechamento da Fundação Hospitalar de Ipiáu.
Na parte urbana foi ainda pior, é caótico o estado de nossas ruas duramente esburacadas por carretas e mais carretas, e o trânsito fortemente afetado por um aumento na frota de veículos.
É válido atentar que desde Novembro de 2008, cerca de 1800 trabalhadores já foram demitidos, levando embora a promessa do emprego e da estabilidade.
Não pra dizer que não falei das flores, um cemitério foi construído, obra magnífica e muito importante para cidade. Afinal, lá serão enterrados não só pessoas, mas também promessas e perspectivas.
Merece também um parágrafo para mencionarmos que nem o ex-gestor (José Mendonça) e nem o atual prefeito Deraldino, se posicionam de maneira combativa contra os impactos sociais e ambientais que a cidade vem sofrendo. Essas gestões se tornaram apenas grandes parceiras das multinacionais e estão reféns de seus dólares.
Não podemos nos enganar com as promessas e as perspectivas tão propagadas. A maior verdade, é que a grande riqueza extraída é convertida em dólar, e em seguida transferida para Austrália. O que resta aos trabalhadores e pra nossa gente são os impactos sociais, ambientais e econômicos, frutos que já começaram a ser colhidos.

Lucas Bonina Trindade

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