domingo, 3 de abril de 2011

Líbia: uma revolução, duas guerras

Existe hoje na Líbia uma guerra civil entre a revolução e a contra-revolução, e outra guerra de agressão imperialista contra um país semicolonial

Existe uma grande simpatia dos ativistas em todo o mundo pela revolução árabe contra ditaduras pró-imperialistas que oprimem estes países há décadas. Mas em relação à Líbia existe uma grande confusão. É ou não parte do mesmo processo? E agora, com a invasão imperialista, de que lado se posicionar?

A primeira confusão acontece porque as correntes stalinistas e chavistas tentam de todas as maneiras convencer que a rebelião do povo líbio é falsa e que Kadafi é um lutador antiimperialista. Com os métodos típicos do stalinismo, tentam convencer a todos que a Líbia não é parte do mesmo processo árabe.

A realidade entra pela janela, pelas portas, pelo teto: basta ver as notícias das milícias de trabalhadores e jovens nas cidades rebeladas contra Kadafi, para ver a falsidade dos stalinistas. É a mesma efervescência da praça Tahrir do Egito, que teve de se armar para enfrentar um genocida. É o que aconteceria no Egito caso o exército tivesse reprimido a revolução. É o que pode acontecer no Iêmem e no Bahrein, caso a repressão violenta (apoiada pelo imperialismo) siga.

Existe uma revolução na Líbia, dos trabalhadores e do povo rebelado contra a ditadura de Kadafi, que começou de forma muito parecida com a do Egito e a da Tunísia.

E agora, com a intervenção imperialista?

A segunda diferença é a intervenção militar direta do imperialismo na região.

Isso provocou outro tipo de confusão. E agora, o que fazer? Essa é a pergunta que os ativistas se fazem. A maioria está de acordo em que é equivocado apoiar Kadafi. Mas a discussão ficou muito mais confusa depois da intervenção militar do imperialismo. Isso não daria razão aos que apoiam Kadafi?

Não, não dá. O imperialismo não intervém porque Kadafi é antimperialista. Ele entregou todo o petróleo. Muito menos porque Kadafi é um ditador, já que estão apoiando nesse momento a mesma repressão no Bahrein.

O motivo para a intervenção é porque o imperialismo quer se apropriar diretamente do petróleo e estabelecer uma zona controlada no meio da revolução árabe. Não confia mais em Kadafi, porque não acredita que ele possa reestabilizar a região, mesmo que consiga uma vitória militar.

Kadafi está dando ao imperialismo a possibilidade de lançar uma contraofensiva para derrotar a revolução árabe. Possibilita que a OTAN apareça "em defesa da democracia", quando o motivo real é o controle do petróleo e da região.


Eduardo Almeida Neto

da Direção Nacional do PSTU e editor do Opinião Socialista












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