domingo, 10 de abril de 2011

A voz da Leitora: Ana Cristina Nascimento Givigi (KIKI) – professora do CFP

Sobre os silêncios ressentidos no debate no CFP...


Ana Cristina Nascimento Givigi (KIKI) – professora do CFP

Ousaria em chamar de no mínimo ‘audaciosa’ a posição do candidato a reitor Luiz Mendes no debate realizado dia 05 de abril no Centro de Formação de Professores. Desprezando a capacidade crítica d@s funcionári@s, alun@s e professor@s ali reunid@s, o candidato optou pela estratégica omissão (ou incabível desconhecimento) sobre as questões que constituem a Universidade pública no Brasil e, por consequência no Recôncavo da Bahia.

Esquivar-se das questões políticas é uma estratégia produtiva dos tecnocratas de plantão, os mesmos que sustentaram em outros momentos históricos a burocracia fascista /stalinista ou a tecnificação do capitalismo liberal. Algo parece uni-los às posições do candidato: a despolitização do espaço público por meio do hasteamento da bandeira da neutralidade.

Ora, seria de assustar esse tipo de estratégia privatista se ela não fosse relacionada a uma forma de operar as relações de poder que deseja criminalizar o coletivo, desqualificar as agências e depreciar os movimentos sociais acusando-os daquilo que é sua virtude: serem ‘políticos’!

A questão que não quer calar é porque o professor Luiz Mendes tem receio do que é “político”, negativando o exercício do poder? O que gera uma questão ainda mais preocupante não respondida por ele: nesse exercício cotidiano de fazer escolhas, mesmo que contingentes, com quem ele pretende continuar construindo a UFRB?

Podemos divergir, mas é muito difícil que se negue que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia nasce do enfrentamento ao tradicionalismo, à cultura patrimonialista, à política dos coronéis que se beneficiam com o empobrecimento e com a ausência da escolarização na região e ao lamentável conservadorismo de parte da intelligentsia baiana soteropolitana. Para isso, foi necessário o alargamento do espaço público e a ampliação do sentido tradicional da política por meio dos fluxos da multiplicidade e da diversidade objetivados pelos movimentos sócios políticos culturais. Dito de outro modo, @s pobres, pret@s, trabalhad@ do campo e da cidade, movimentos culturais e sociais redimensionaram suas forças e intensificaram, através de micro lutas, a reversão do ordenamento estabelecido alterando os modos de operação do poder.

O prof. Paulo Gabriel tem garantido pela sua produção que entende que os excluídos de antes são seus aliados na construção da UFRB. Diz isso por meio da defesa e implementação das políticas afirmativas e de sua participação política junto aos movimentos de professor@s, alun@s , servidor@s e tantos outros de democratização da sociedade brasileira. Enquanto isso, o prof. Luiz Mendes sequer mostrou no debate saber o que são políticas afirmativas, dizendo inclusive que para ele “tudo é afirmação”. Nessa generalização descabida produz uma “filosofia controversa” sobre o capitalismo, que entendemos, é pura negação de tudo que é vital!

Entendo eu que politizar os campi é alargar o sentido e espaço público, de modo que as divergências e as resistências ascendam ao exercício positivo da ocupação das instituições, mas não só isso, que comunidade universitária faça suas alianças para fora dos muros da universidade. O que pensa em construir Luiz Mendes com seu choque de gestão? Pensa num ‘Olimpo’ no Recôncavo, de pretensão imortal e cheio de servidores tão assépticos quanto alérgicos a política e gente?

Nossos alunos cotistas, incluídos são fantasticamente dispostos a positivar essa oportunidade e ampliar a UFRB, são comerciári@s, moças e rapazes rurais, negros, mulheres, homossexuais, moradores de cidades do interior da Bahia, alguns filhos da classe média. Noss@s professores são construtores de planos pedagógicos, criatividade educativa, qualificados e aptos a disputar espaços na pesquisa e extensão. Nossos funcionários são ágeis e dispostos como nós a aprender a fazer universidade. A maioria de nós tem os pés na rua e os braços atados aos movimentos sociais. È conosco e com eles que Luiz Mendes quer construir?

Pena que ao não dizer nada o professor Luiz Mendes disse tudo. Toda não- ação é produtiva na medida em que é movimentada por um discurso de saber-poder que se cala propositalmente e estrategicamente aciona as malhas da tradição, do conservadorismo e do fascismo político. O que movimenta isso é o ressentimento tão bem identificado por Nietzsche como forma de evitar o hoje e o novo em prol das correntes no passado que impede a potência. È a prática política que intensifica o pensamento e a análise que multiplica as formas e os domínios de intervenção da ação política, já nos disse Foucault quando nos dava pistas de como fugir aos microfascimos. Farei isso dessa vez votando em Paulo Gabriel, com muita tranquilidade e convido meus pares e meus alunos a caminharem nessa comigo.




Um comentário:

  1. Vixe, incorporou o discurso do Reitor e de Lula, esse pessoal tá lendo degenerado do Focault demais...

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